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domingo, 24 de março de 2013

RESPOSTA DOS ESTUDANTES À NOTA DE "ESCLARECIMENTO” DA DIREÇÃO ACADÊMICA

     Nós, estudantes da Universidade Federal de São Paulo, viemos por meio desta carta repudiar as acusações feitas pela diretoria do campus Baixada Santista, no que se refere à utilização do Espaço Estudantil. Como sugere o nome, o Espaço Estudantil é um espaço para ser utilizado pelo conjunto dos estudantes. Durante o tempo que o Espaço Estudantil esteve aberto, ocorreram diversas atividades, não só dos estudantes envolvidos no Movimento Estudantil ativamente, como também não foi um espaço onde um estudante – que é intitulado liderança pela direção acadêmica – utilizou para seu proveito próprio.

     Como a Direção do Campus coloca, o estudante Mauricio de Oliveira Filho, membro da Gestão 2013 "Vez da Voz" do Diretório Central dos Estudantes (DCE), lembrou (por e-mail) a equipe do NAE no dia 8 de março de 2013 que os estudantes receberam uma televisão e um sofá após a forte mobilização de 2010 em que estes entraram em greve por melhores condições de permanência. O sofá, já conhecido por muitos neste campus, está no saguão da Unidade da Ponta Praia e NUNCA foi solicitada sua retirada de lá, contrariamente ao que a Direção do Campus diz. Os estudantes sempre entenderam que não garantiríamos o direito de uns retirando o de outros. E ainda, outros sofás foram doados para o Espaço Estudantil.

     Quanto a televisão, em nenhum momento estudante algum interpelou qualquer membro da direção acadêmica do campus em nome próprio. Tampouco reivindicou direitos pessoais sobre o patrimônio da universidade e/ou de direito dos estudantes. Também não solicitou o equipamento para o DCE. O que ocorreu foi uma indagação a respeito da transferência de tal tevê para o Espaço Estudantil. Sempre que alguém falou em nome dos estudantes, deixou claro de que forma os representava. O estudante citado, Mauricio, é membro da diretoria do DCE. Segundo o estatuto desta entidade que representa os estudantes de todos os campi, em seu artigo 29 "Compete à Diretoria [do DCE]: (...) Representar os estudantes de graduação da Unifesp junto à Comunidade Acadêmica e à Sociedade". Assim, talvez caiba à direção acadêmica uma melhor apropriação sobre quais entidades representam os estudantes de graduação desta universidade. Ainda, cabe questionarmo-nos, do porquê a televisão permaneceu por MAIS de 2 ANOS na Unidade Administrativa (AC-178) aos cuidados da equipe do NAE? Nosso espanto não se dá pelo fato de um estudante perguntar quando a televisão poderá ser retirada de lá e trazida para o Espaço Estudantil, para que o conjunto dos estudantes faça uso da mesma, mas pelo DESCASO que a atual administração tem diante a destinação de certos patrimônios públicos.

     No momento em que a Direção do Campus decide autoritariamente pelo fechamento da porta do Espaço Estudantil, sem qualquer aviso prévio, ela priva os estudantes do acesso a um grande acervo de livros, uso de geladeira e impressora, scanner, todos doados e autogeridos pelo conjunto discente.

     No que diz respeito ao espaço do C.A.U. (Centro Acadêmico Unificado) na Ponta da Praia, estamos no processo de retirada dos materiais que lá estão e transferi-los para a unidade da Silva Jardim. Todavia, cabe dizer aqui, que uma nova diretoria do C.A.U. – como mencionou a direção em sua carta – não foi eleita, pois estamos no processo de [re]construção de C.A.’s específicos para os cursos, como a Direção do Campus sabe (ou pelo menos deveria saber), via construção de Fóruns Estudantis para envolver os estudantes nesse processo de construção. Devido a esse processo, entendemos que o espaço que primeiramente foi denominado como espaço do C.A.U., passa a ser espaço dos-e-para os estudantes, tendo em vista que a universidade de "excelência" que temos não comporta espaço para todos os C.A.’s que estão a se fundar. A não ser que a direção garanta esses espaços para tal uso, ou seja, uma sala para cada C.A.

     É preciso saber, ainda, com que argumentos a direção acadêmica afirma que um grupo de estudantes foi liderado pelo "Sr. Mauricio"? De fato, houve uma interpelação à diretora do campus em frente à porta de entrada para a sala da direção acadêmica, ou seja, num espaço de passagem de pessoas. Este grupo, não era submisso ou liderado pelo "Sr. Mauricio", mas por dois outros estudantes. Contudo, o "Sr. Mauricio" se juntou ao grupo, já que passava pelo local e participou do fim de tal "interpelação". A nós, isso nada tem de liderança, visto que o conjunto dos discentes da Unifesp [representada pelo DCE] aposta numa organização e mobilização descentralizada, que rompa com as relações hierarquizadas - ao contrário de nossa Diretoria Acadêmica -, deste modo, alegar que um estudante é líder de qualquer mobilização ou ato, é um sinal do desconhecimento da organização discente por parte da Direção Acadêmica. Aliás, historicamente a organização do movimento estudantil neste campus tem se dado de modo horizontal, sem cargos, posições hierárquicas e líderes, mas sim com REPRESENTANTES.



     Além disso, não cabe à diretora do campus sugerir como devem agir ou não os estudantes através de suas representações discentes nos Conselhos Centrais. Levamos sim a questão do trancamento do Espaço Estudantil para o Consu (Conselho Universitário), justamente por conhecermos as atitudes da Direção de Campus que, autoritariamente, desrespeita e deslegitima as decisões tiradas pela Congregação do Campus. Podemos citar a decisão da diretora em retirar as intervenções feitas pelos estudantes do curso de Psicologia, passando por cima das decisões pactuadas no espaço da Congregação [órgão máximo de decisões no campus], que permite livremente quaisquer intervenções culturais desde que temporárias e sem prejuízo à locomoção das pessoas e do patrimônio público. Assim, devemos nos questionar: se a direção tem se esforçado a legitimar as deliberações tiradas pela Congregação de forma imparcial? Ou seus esforços são seletivos, ou seja, privilegiam interesses pessoais?

     O que nos parece é que quando há o interesse de legitimar o ataque à autonomia da organização dos estudantes, recorre-se à Congregação. Quando é para legitimar a sua autoridade, ela passa por cima das deliberações daquele órgão. Parece-nos que a postura da direção é, no mínimo, contraditória. Reivindicamos que a direção assuma seu modelo de gestão: ou só ela manda - e, portanto recorre ao autoritarismo - ou será nos espaços democrático-representativos em que se deliberarão as decisões pertinentes ao convívio no campus e, desse modo, legitimar a Congregação. Isso demonstra a postura antidemocrática e por vezes autoritária por parte da direção que, vez ou outra, se apresenta como democrática, tentando camuflar suas posturas autoritárias.

     Por fim, não podemos deixar de repudiar com veemência a tentativa desesperada da Direção Acadêmica de diminuir e deslegitimar o Movimento Estudantil deste campus fazendo parecer que ele é o movimento de um militante só. O Espaço Estudantil e a plenitude de suas capacidades como facilitador da organização estudantil é uma demanda do conjunto dos estudantes deste campus, como mostra o abaixo assinado contendo tal reivindicação e que conta com centenas de assinaturas. Além disso, não toleraremos nenhuma tentativa de assédio a quaisquer de nossos colegas, companheiro e/ou companheiras.

     Essa não é a sala de uma entidade. Essa não é a sala de um grupo ou entidade. Essa sala é o Espaço Estudantil!!!